Leio. Releio. Volto a ler. Viro páginas. Avanço linhas.
Palavras minhas eu assino, dos outros eu transcrevo, dum passado que não teve futuro, dum presente que nunca exi stiu.
Frases que me fazem sorrir, outras que me inundam o olhar.
Histórias que fazem a minha história, remotas ou recentes, e que por muitas letras que destrua ficarão sempre na memória.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Desejo a você total liberdade para que rasgue páginas neste espaço. Rasgar, romper, transformar algo em outro novo, mesmo que a si mesmo.
A vida é uma sucessão de rasgos, remendos, feituras e escolhas.
Esteja LIVRE!



quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Borat

O que o crítico da revista “The new yorker” e o adolescente do interior dos Estados Unidos têm em comum? Ambos se renderam à comédia “Borat”, que, em um par de semanas, se tornou um enorme fenômeno cultural no país, um dos raros filmes a conjugar sucesso de público e crítica neste ano.

No site RottenTomatoes.com, que reúne e contabiliza as críticas de cada lançamento, “Borat” recebeu 92% de textos positivos. Se forem considerados apenas as publicações mais importantes, como a “New Yorker”, o número sobe para 100%.

No “New York Times”, a crítica Manohla Dargis escreveu: “O brilhantismo de Borat é que sua comédia é tão impiedosa quanto sua sátira social - e também tão perspicaz quanto”. Em sua capa, a revista “Entertainment Weekly” pergunta: “Será que esse homem fez o filme mais engraçado da história ou o mais ofensivo?”

A recepção do público não foi menos entusiástica. A princípio, a Fox, distribuidora do filme, decidiu fazer um lançamento médio para os padrões americanos, em apenas 837 salas - com medo de que a comédia não fosse bem aceita pelo público do interior dos EUA, onde o personagem Borat era pouco conhecido.

Em seu primeiro final de semana, o filme bateu recorde de bilheteria para um lançamento desse porte. No seguinte, foi expandido para 2566 salas e voltou a liderar a arrecadação. A (quase) unanimidade de público e crítica é um mistério - já que se trata de uma das comédias mais agressivas da história, um primor de incorreção política.

Mas, afinal, quem é Borat? Para responder, é preciso conhecer antes Sacha Baron Cohen, comediante inglês, judeu, formado em Cambrigde. Na Grã-Bretanha, Cohen ficou famoso por seu programa de TV “Da Ali G Show”, que tinha como personagem-título um rapper branco que tentava adotar as atitudes dos negros e fazia entrevistas irônicas com personalidades britânicas. Imagine um “Pânico na TV” mais agressivo e inteligente. Assim era o programa.

Borat Sadgiyev foi a segunda grande criação de Cohen. A partir do encontro com um folclórico médico turco, o comediante criou a figura de um repórter de TV do Cazaquistão anti-semita, machista e hiper-sexualizado. Na Wikipedia, a pequena biografia de Borat feita por Cohen dá uma idéia do tipo de humor do personagem:

“Ele é o filho de Asimbala Sagdiyev e Boltok, o Estuprador, que também é seu avô por parte de mãe. Ele é também o ex-marido de Oksana Sadiyev, que era filha de Mariam Tuyakbay e Boltok, o Estuprador. Sua relação com a mãe parecer ser desagradável, e Borat já comentou que ‘ela preferia ter sido estuprada por outro homem’. Borat tem uma irmã chamada Natalya, considerada a quarta melhor prostituta do Cazaquistão, com quem ele fornica com freqüência, e um irmão mais novo chamado Bilo, que é retardado mental e precisa ser trancado em uma gaiola de metal.”

Outro exemplo: nesse vídeo, ele diz que o Cazaquistão evoluiu muito e que agora as mulheres podem viajar dentro dos ônibus, que os homossexuais já não precisam usar chapéus azuis e que a idade mínima para o sexo não-consentido subiu para oito anos.

No filme “Borat” (veja o trailer aqui), que eu assisti ontem, o intrépido repórter viaja para os Estados Unidos para fazer uma reportagem sobre o país. Ao chegar lá, fica obcecado em conhecer e se casar com a pin-up Pamela Anderson.

Mais importante que a história em si é o polêmico método de Cohen. Nas entrevistas que dá sobre o filme, Cohen sempre aparece caracterizado como Borat e responde as perguntas em seu estilo ultrajante e seu inglês enrolado - fazendo os apresentadores gargalhar no ar em várias ocasiões.

Nas filmagens, ele se apresenta como Borat aos entrevistados (que em geral não o conheciam nos EUA), convence-os a assinar autorizações para uso de imagens e faz perguntas e comentários constrangedores. A técnica rende momentos hilários e eticamente questionáveis. Segundo o Yahoo, dois adolescentes estão processando a Fox, uma produtora de TV foi demitida depois de marcar uma entrevista com Borat, imaginando se tratar de um verdadeiro repórter cazaque, e algumas feministas entrevistadas ficaram furibundas.

Além disso, o governo do Cazaquistão já protestou diversas vezes contra o personagem. Algum tempo atrás, houve até um boato de que o presidente do país asiático iria discutir o assunto em um encontro com George W. Bush - o que foi desmentido mais tarde.

Mas, para cada pessoa incomodada, há milhares de novos fãs de Cohen. Para a média da crítica americana, o comediante pode até fazer um humor ofensivo, mas ele consegue atingir seus alvos: os politicamente corretos, os estrangeiros de costumes retrógrados e também os conservadores americanos. Cohen entendeu que precisa fazer uma comédia extremada para denunciar os extremos da sociedade.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Meu, atual e eterno, paraíso particular

Minha querida gaivota... Depois que vi este clipe na íntegra, voltei aqui para deixar este comentário. Não teve como não me lembrar de ti. Voe alto, sempre!

O Bonde do Dom
Marisa Monte
Composição: Arnaldo Antunes / Carlinhos Brown / Marisa Monte

Novo dia
Sigo pensando em você
Fico tão leve que não levo padecer
Trabalho em samba e não posso reclamar
Vivo cantando só para te tocar
Todo dia
Vivo pensando em casar
Juntar as rimas como um pobre popular
Subir na vida com você em meu altar
Sigo tocando só para te cantar
É o bonde do dom que me leva
Os anjos que me carregam
Os automóveis que me cercam
Os santos que me projetam
Nas asas do bem desse mundo
Carregam um quintal lá no fundo
A água do mar me bebe
A sede de ti prossegue
A sede de ti...

!!

A melhor canção de amor opiáceo que conheço, e uma das mais bonitas dos últimos 40 anos. Contém um verso que me assombrou a adolescência e a que ainda hoje recorro:«Enclose me in your gentle rain».

Closing




Já dizia uma amiga que as histórias precisam de "closure". É o fechamento, minha gente... pra não ficar nada mal entendido, mal explicado ou mal resolvido. Terminar histórias é deixar o caminho livre para o novo. É desocupar a linha pro telefone poder tocar. É ficar livre de dúvidas, incertezas e manter a mente ocupada só pelos bons pensamentos. É ficar leve!

Brinde comigo este lindo momento ao som de Marisa Monte:



Marisa Monte - Satisfeito (Universo ao Meu Redor)
Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown, Marisa Monte

Você me deixou satisfeito
Nunca vi deixar alguém assim
Você me livrou do preconceito de partir
Agora me sinto feliz aqui

Quem foi que disse que é impossível ser feliz sozinho
Vivo tranquilo, a liberdade é quem me faz carinho
No meu caminho não tem pedras nem espinhos

Eu durmo sereno e acordo
Com o canto dos passarinhos
Eu durmo sereno e acordo
Com o canto dos passarinhos

Lá-laiá, laiá

News

Fuxiquem...

aqui.

Por que não “damos” certo?


A maior conquista do feminismo foi a liberdade de podermos agir conforme dita a nossa própria vontade. Se a nossa vontade diz que devemos agir como homens, por que não tentar? A verdadeira questão é: será que conseguimos mesmo agir como eles? Será que estamos preparadas para as conseqüências disso?

Quando nos insinuamos a um homem e deixamos claras nossas intenções – sexo casual, por exemplo – corremos o risco de receber um “não” sem que isso queira dizer nada além de “não estou a fim no momento, obrigado”. Ora, quantos “nãos” já dissemos a homens que só queriam sexo quando não estávamos com vontade, ou quando queríamos algo além disso?

A diferença é que os homens, normalmente, já estão preparados para os “nãos” de suas investidas, enquanto nós ainda estamos engatinhando neste quesito. Somos mimadas e estamos acostumadas a dizer não ao invés de escutá-los, mesmo que apenas ocasionalmente.

Você já parou para pensar que, quando um homem escolhe uma parceira para uma noite de sexo sem compromisso, ele pode estar optando por uma mulher pela qual não imagina a menor possibilidade de vir a se apaixonar? O homem tem o dom de olhar objetivamente para os atributos físicos da parceira, e isso pode ser suficiente para preencher suas necessidades naquele momento: sexo. O homem se excita com o apelo visual e isso pode bastar.

Só que nós, as mulheres de atitude, decididas e pós-feministas não temos a mesma objetividade na hora de escolher um parceiro eventual. Somos diferentes, oras. O buraco do nosso tesão fica mais em cima. Não olhamos apenas para o corpo que pode nos proporcionar maior prazer e sim, para o conjunto. O cara tem que ter um bom papo, nos fazer rir, ter um bom nível social, intelectual…

Ué, mas não é só pra transar? Pra que tudo isso?!

Ao escolher um homem interessante (que tenha outros atributos além dos físicos) corremos sim o risco de nos apaixonar e querer prolongar a noite para duas, três, quatro, namoro, noivado, casamento, filhos, ai, que cansaço.

Nossas intenções acabam mudando de acordo com o grau de gostosura de um homem (que inclui todos os atributos citados acima) e então não conseguimos sustentar o papel de mulher fatal por muito tempo. Somos assim. E quando tentamos não ser, quando tentamos agir como os homens, começamos bem, mas depois misturamos as bolas, ficamos inseguras, perdidas, uó.

Se você quer agir como homem, faça isso, mas do começo ao fim:

1) Mantenha em mente um único objetivo: uma noite de sexo e nada mais. Eu disse NADA MAIS;
2) Escolha um parceiro que atenda, preferencialmente, apenas a esta expectativa: uma noite de sexo bom. É importantíssimo que ele não tenha muitos atributos extras. Você deve se perguntar “posso me apaixonar por esse cara?” Se a resposta for negativa, você está diante de um bom candidato;
3) Esteja preparada para receber um “não” sem levar para o lado pessoal (um homem também pode estar disposto a algo mais. Pode pensar “ela só está a fim de me comer e eu quero romance!”, não pode?);
4) Esteja preparada para ter alguém ligando no dia seguinte, mandando flores, cobrando compromisso e saiba dizer “não, obrigada”, educadamente, mas sem dispensar totalmente, principalmente se o sexo tiver sido bom, é claro. Nunca se sabe quando a quarta-feira vai ser chuvosa.
5) “Os dispostos se atraem, os opostos se distraem. Procure alguém que pareça estar com a mesma intenção e não queria mudar suas intenções no meio do caminho. Entrou pelo sexo, vá de sexo até o final.

6) Fingir paixão para ganhar sexo também vale. Só não vale acreditar na própria mentira depois;

7) Também vale beber um pouquinho a mais antes do encontro. Assim você tem a possibilidade de acordar e tentar acreditar que tudo não passou de um sonho (ou de um pesadelo!).

Vale ressaltar que, salvo raras exceções, ainda não aprendi a aplicar a teoria na prática.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

BREVE CONSOLO PARA A RAPAZIADA DE LETRAS


Maravilhosos exemplos de respostas a exercícios de matemática. Gosto sobretudo do "find x" - "here it is!"


Just wonderful

"The most beautiful experience we can have is the mysterious. It is the fundamental emotion that stands at the cradle of true art and true science. Whoever does not know it and can no longer wonder, no longer marvel, is as good as dead, and his eyes are dimmed. It was the experience of mystery -- even if mixed with fear -- that engendered religion. A knowledge of the existence of something we cannot penetrate, our perceptions of the profoundest reason and the most radiant beauty, which only in their most primitive forms are accessible to our minds: it is this knowledge and this emotion that constitute true religiosity. In this sense, and only this sense, I am a deeply religious man... I am satisfied with the mystery of life's eternity and with a knowledge, a sense, of the marvelous structure of existence -- as well as the humble attempt to understand even a tiny portion of the Reason that manifests itself in nature."


ALBERT EINSTEIN, The World As I See It, 1931.

Harry Enfield - Women know your limits

Um hilariante (e intemporal?) sketch de Harry Enfield.

Je l'aime, très beau.

"À quoi ça sert l'amour?" by Edith Piaf and Yves Montand.

Pois é, pois é...
Depois de ter voltado ao muno acadêmico, também voltei ao curso de Francês...

E a PUC tomando proporções maiores em minha vida!!!

Minha cantora favorita

Eugenia Melo e Castro...
Uma das minhas melhores descobertas em música nestes últimos anos, tocará em São Paulo!
Nem precisa dizer que lá, com certeza, estarei.

Estou cada vez mais paulista do que antes...

Por que hoje é segunda



O casamento é feito de pequenos detalhes, ensina reportagem do jornal chileno El Mercurio. Parece óbvio, mas como a rotina leva de roldão qualquer tentativa de manter a gentileza e o carinho, já que hoje é começo de semana, considere a hipótese de fazer algo de diferente e atencioso para a/o parceira/o. Se quiser alguma dica, clique aqui e leia a íntegra de O valor dos pequenos gestos no dia-a-dia.



sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Ele soube mexer na Rainha

Toda a vida das sociedades nas quais reinam as modernas condições de produção se apresenta como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo que era vivido diretamente tornou-se uma representação.


O trecho é a abertura do livro “A sociedade do espetáculo e Comentários sobre a Sociedade do Espetáculo”, de Guy Debord (Editora Contraponto), e me veio à cabeça quando assistir “A Rainha”, obra de um dos meus cineastas favoritos, o inglês Stephen Frears. Disputando o Oscar do próximo domingo, 25, com seis indicações, incluindo melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro original e melhor atriz para a impressionante Helen Mirren, o filme opõe o velho e o novo nas figuras da rainha Elizabeth II e da princesa Diana.

Frears fez um filme inspirado em fatos reais – a semana que separa a morte da princesa do seu funeral. Era verão na Inglaterra e a família real havia se mudado para sua propriedade de férias, na Escócia. A distância geográfica e a disposição de preservar a realeza dos holofotes da imprensa, além da profunda antipatia que nutria pela vida mundana de Diana fazem com que a rainha decida ignorar o apelo emocional e popular sobre a morte da princesa e tratá-la como “ex-integrante da família real”.

Enquanto isso, o recém-empossado primeiro-ministro Tony Blair vai se rendendo ao marketing político, às manchetes de jornais, às exigências da popularidade, ao espetáculo do qual fala Debord. É desse embate que se alimenta a trama de Frears, aparentemente a favor de Blair e de Diana, mas aos poucos sutilmente crítico da armadilha novo=bom e velho=ruim.

Aos poucos, como já tinha apontado Ricardo Calil no Olha só, o espectador vai sendo sutilmente levado a rever as suas posições aparentemente fáceis – se o filme começasse e terminasse com os protagonistas fixos nos seus papéis de mocinho e bandido não teria a menor graça. A delicadeza da direção de Frears está em mexer na rainha e, como num jogo de xadrez, encurralar o espectador numa espécie de xeque-mate.

Enquanto isso, põe em questão todo o circo do qual se alimentam as celebridades, as manchetes de jornal das quais se vangloriam os políticos. Mas deixa o espectador sem saída na medida em que não permite a nostalgia fácil de desejar andar o relógio para trás e voltar para a época em que a sociedade do espetáculo ainda não nos dominava. Nem por isso eram tempos mais “autênticos”.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Laissez-faire com equilíbrio

Queria guardar na retina todas as paisagens, fins de tarde, pôr-do-sol. Queria gravar no fundo de minha mente o barulho do mar da Praia Vermelha com o Pão de Açúcar de moldura. Mais. Queria inscrever na alma essa sensação de tranqüilidade, sossego, paz de estar no Bip Bip e horas depois no Bola Preta. Queria guardar no espírito a falta de pressa, a libertação da agenda, dos horários, de almoçar sem hora pra terminar na Lapa, no Cosmopolita e esticar depois noutro bloco em Botafogo, passando antes no Carioca da Gema. Queria lembrar de fazer uma coisa só por dia, ou várias a cada dia, e, mesmo assim, me dar por satisfeita. Queria sempre caminhar alegre pelas ruas do Rio de Janeiro como fiz às 5 horas da matina sambando e cantando em plena Mem de Sá, da Lapa até a Pça da Cruz Vermelha. Queria que os feriados não acabassem nunca no meu calendário e que, durante todo o ano, eu seguisse embalada pelo vento leste que sopra nessa cidade sem parar, pela temperatura amena que a vida também pode ter, pelas conversas sem hora para terminar, pelo samba que ecoa aos quatro ventos, pelo laissez-faire com equilíbrio, que não chega a ser displicência, mas permite escapar do estresse. O melhor dia do carnaval é quando você não tem mais ansiedade nem de se divertir. As necessidades que pautam o dia-a-dia acabam e a vida volta a ser como deve: básica. A combinação entre quatro saias, cinco camisetas e duas sandálias é infinita. Ir à praia passa a ser uma questão irrelevante, porque tudo que está em volta é suficiente para divertir. Cheguei ao máximo da displicência no dia em que não sabia em que rua estava estacionando meu carro…

Agora que acabou volto ao trabalho com fôlego renovado, mas disposta a não esquecer do que aprendi neste carnaval. Nem sei bem o que foi, mas alguma coisa está fora da ordem e isso é ótimo.


sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Ler, escrever, comer e beber


"Se um chardonnay tem gosto de pêssego, qual gosto o pêssego tem? De chardonnay?" A pergunta, embora pareça meramente retórica, me fez parar e ler o texto de Colin Bower sobre linguagem, verdade e vinho. Um primor. Nada mais contemporâneo do que a busca mundana por luxo e prazer – numa vida pautada pelo "aqui e agora", tudo que se quer é satisfação já, sem adiamentos ou promessas para o futuro.

A valorização da gastronomia e da enologia faz parte do pacote dos pequenos desejos, da procura pelo deleite nas pequenas coisas do cotidiano, como comer e beber.

Mas nada mais falso do que fazer disso uma tentativa de parecer superior, como se a humanidade estivesse dividida entre quem entende que um chadornnay tem gosto de pêssego e quem não desconfia do que a frase signifique. Escrever, seja sobre vinhos, seja sobre o que for, é uma tarefa que deve ter em mente ser compreendido por quem lê, defende o autor do primoroso artigo.

É claro que não precisamos entrar no mérito de todas as questões envolvidas entre emissor e recpetor - não é disso que trata o texto. É apenas o óbvio: se você quer se fazer compreender e elogiar um bom vinho, porque precisa fazer de conta que transpira sofisticação? Pura empulhação.

Flip 2007: Nelson Rodrigues


Está no blog de Lauro Jardim, no portal da Veja: "Os organizadores da Flip bateram o martelo: Nelson Rodrigues será o homenageado da quinta edição da Festa Literária Internacional de Paraty, entre 4 e 8 de julho".

Ainda bem que já estamos em fevereiro... Leia mais aqui.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Começar de novo...+

...e contar comigo!

Pois é, não resisti há mais do que um ano fora das salas de aula!

Comunico aos amigos, inimigos e curiosos que voltei a estudar, e em 1 ano terei outro Mestrado em mãos...

Nem só de cachaça, cerveja, blocos e etc [meus alunos lêem isto aqui] vive a mulher que vos escreve, certo?

Pra quem quiser saber mais, podem ler sobre Psicolingüística e Neurolingüística, assuntos que me tomarão muito tempo em 2007.

Pois é, pois é... Estarei fora do ar...
Novas metas neste novo ano. Agora vai, ou melhor, vou!

pré-carnaval: É tudo mentira…

E se você descobrisse que tudo que aprendeu até agora sobre os homens estivesse errado? Lembra quando você “sem querer querendo” ouvia conversas sobre o quanto os homens desejavam mulheres independentes, ansiosas por uma noite de sexo e nada mais? Os homens ficavam divagando sobre mulheres que não ligariam no dia seguinte, mulheres que se entregariam na primeira noite sem se apaixonar um minuto depois, mulheres que não fariam cobranças, apenas desfrutariam do prazer de um bom orgasmo sem compromisso. Bem…sinto informar, por experiência empírica, que a realidade não corresponde exatamente a esses clichês masculinos difundidos aos quatro ventos (por que será que são somente quatro, afinal o vento não sopra para todos os lados?)
Os homens podem até intimamente ter esses desejos, porém não sabem na prática o que fazer quando eles ultrapassam a barreira da imaginação. Uma mulher insinuante, que expressa claramente suas vontades, é algo bom demais para ser verdade e quando isso acontece o velho ditado “quando a esmola é demais o santo desconfia” prevalece. Quando confrontados com uma situação como essa, os homens perdem todo o seu poder de reação, afinal eles são os caçadores e não sabem como se comportar no papel de caça. Um gesto mais decisivo da mulher pode ser o fim de qualquer tentativa frutífera de sexo selvagem. Poucos são flexíveis o suficiente para encarar o papel de caça e ainda assim manter a fúria de um caçador.
Uma mulher sedenta por sexo - e só sexo - não tem credibilidade. Eles sempre pensam que no fundo a mulher está tentando apenas disfarçar seu estado de “paixonite aguda” para tentar agarrá-los. Uma mulher dada aos prazeres da carne tem que ter algo de muitíssimo errado. E se forem corajosos para descobrir o que há de errado com essa mulher, provavelmente, não conseguirão consumar o ato libidinoso porque ficarão tão nervosos que serão incapazes de funcionar como o macho que sempre difundiram ser. E toda a conversa de bar prova não passar de uma grande “balela”. Os homens continuam querendo mulheres que se apaixonem por eles e que fujam deles como “virgens em perigo”. Então nada mais resta à mulher independente emocionalmente e pronta para se entregar à luxúria que fingir paixão para ganhar sexo.

beleza? será?

Beleza e auto-confiança - uma virada

Como a loteria da genérica, a beleza é injusta e alguns são mais afortunados do que outros. Confiança requer auto-conhecimento, que incluir saber de suas forças e fraquezas. Em conferência recente, ouvi uma filósofa declarar durante o almoçoo que nunca faria cirurgia plástica e que nem mesmo tinge o cabelo. Mas, confessou, pagaria qualquer coisa por 15 pontos a mais no QI. Essa mulher, que não é insegura sobre sua inteligência, muito acima da média, apenas gostaria de ser mais esperta. Pedir às mulheres que se afirmem bonitas como são é pedir aos intelectuais se afirmem como gênios. Eles simplesmente sabem que não são.

O texto é inspirado na campanha da Dove sobre a “beleza real” e apresenta um ponto de vista bastante divergente do que já escrevi aqui. Sempre fui defensora da idéia da beleza real, não adquirida, natural. Mas a autora, Virginia Postrel, conseguiu mudar em parte meu ponto de vista.

Ser auto-confiante é muito, mas muito mais complexo do que apenas gostar de ter os cabelos cacheados ao invés de lisos ou aceitar que seus seios são menores do que os “da moda”. Reconheço que na minha posição contrária à modificações corporais extremas há, sim, preconceito contra quem dá tanto valor à aparência.


quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Auster aprisiona culpa entre paredes

Viagens no scriptorium (Companhia das Letras, 124 pp., R$ 33, trad. Beth Vieira), novo romance de Paul Auster, sonda as lembranças e a confusão mental de um homem que, a mando de uma grande organização não-identificada, teria causado ao longo de sua vida o sofrimento de várias pessoas. Preso, não se sabe por quem nem sob qual acusação, ele agora recebe visitas misteriosas de pessoas ligadas a seu passado. Lançado simultaneamente em vários países no último dia 3 de fevereiro, aniversário de 60 anos do autor, o livro não tem entusiasmado a crítica de língua inglesa. De fato, as ágeis e diretas 124 páginas do romance não fazem jus aos títulos que fizeram de Auster um dos mais importantes escritores norte-americanos vivos -como A trilogia de Nova York ou Leviatã.

Folha de S. Paulo - 11/2/2007 - por Sylvia Colombo

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

pensamento do dia

Rebeldia premiada

Ela foi uma filha rebelde (eu também). Hoje, é reitora de Harvard. Mais mais sobre a primeira mulher a assumir o comando dessa universidade fundada em 1636, aqui.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Show Carioca - Verão 2007

Alguns fragmentos do show... Foi INESQUECÍVEL!





Chico Buarque : PERFEITO

Clube do Balanço




A gente pra viver bem nesse mundo
tem que ser um pouco mais inteligente,
como já dizia a minha velha vó:
"- Macaco velho não põe a mão na cumbuca!"
Com o meu avô eu aprendi
que não se cutuca onça com a vara curta!
Mas quando a minha mãe vinha me dizer
pra tomar cuidado com esse mundo louco
Eu não quis ouvir
Eu não quis ouvir

Só fui ouvir é de um tio malandro que eu tenho
quando ele me dizia:
"Com'é que é meu?!"

Segura a nega
Segura a nega, viu?
Segura nega!
Segura a nega, viu?

É verdade que o machão moderno gosta é de gravata e de trabalho?
É verdade que a mulher moderna gosta é de carro e de dinheiro?

Como já dizia o velho Vicente:

Sempre que puder meu filho
Segura a nega, viu?
Segura nega!
Segura a nega, viu?
Segura nega!

ALGUNS E NÓS



Nunca influenciaremos a todos,

Mas sempre influenciaremos alguns.

Reflitamos no assunto,

Revendo o que transmitimos.

A descrença suscita a descrença,

A dúvida gera a dúvida.

O desânimo sugere o desânimo,

A tristeza espalha a tristeza.

A fé atraí a fé,

A esperança acende a esperança.

A bondade cria a bondade,

O amor estende o amor.


EMMANUEL
Médium: Francisco C. Xavier

Caminhos dionisíacos & Momescos

Prezad@s,

Como de praxe estou divulgando a programação do Carnaval de Rua do Rio de Janeiro (Blocos e Rio Folia). Neste ano a relação estava um pouco longa para postar no Orkut e resolvi disponibiliza-lá no link <>. Espero que a programação seja mais útil para vocês do que ela é para mim. No arquivo "programação básica" eu relacionei o que seria meu roteiro ideal por aqui e e no outro a programação completa "oficial" dos Blocos . Sempre é uma grande confusão o horário dos Blocos, por vezes há informações contraditórias, etc. Trabalho sempre com a lista da RioTur porque a prefeitura "financia" e/ou dá suporte de transito para a maior parte dos blocos etc. Em geral esta lista é mais "confiável" e funciona, mas sempre procuro comparar com a lista comentada do Agenda Samba & Choro ( http://www.samba-choro.com.br/carnaval/2007 ), por ser uma lista também confiável e dinâmica - pessoas envolvidas nos blocos eventualmente corrigem os horários que estão errados. O bloco mais incerto deste ano está sendo o Céu na Terra, pode sair no sábado de manhã ou a tarde e na segunta ou na terça de manhã ou de tarde - as informações sobre o bloco estão truncada e o pessoal do Céu na Terra tem divulgado o horário em cima da hora (como fizeram no meio da semana passada sobre a saída de ontem de manhã). Qualquer novidade eu informo...

Aproveitem !

Amplexos e até,


[muito grata maninho por sua sempre ótima colaboração]

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

In memoriam

Homenagem ao homem que amei, amo e sempre amarei...
Saudades muuuuuuuuitas, e eternas.
Que todos os bons espíritos possam sempre lhe iluminar, e que meu amor chegue até aí lhe dando paz, conforto e a certeza que só demos um até breve.



Passei boa parte da minha vida sorrindo pro mundo, alegrando as pessoas. Volta e meia era fácil me ver dando gargalhadas, fazendo piadas por todos os cantos. Era uma espécie de personal clown para os amigos deprês ou nas rodas de papo. Eu era natural, espontânea, muito divertida de fato. Era o ombro amigo nas horas tristes, aquela que levantava a moral do grupo. Eventualmente, alguém me dizia, em meio a risadas:
"Nossa, hoje você está radiante! Deve estar muito feliz mesmo!"

E eu sorria, por fora.

Apenas uma pessoa tinha o dom de me ver por dentro.

Nesses mesmos dias de alegria estampada no rosto ele era o única capaz de olhar pra mim e dizer:
O que aconteceu? Por que você está assim?

Ele me conhecia, de verdade. Sabia que a minha alegria em excesso era sempre sinônimo de uma tristeza profunda. Tristeza essa que eu só compartilhava com meus poemas adolescentes e precoces.

Então nós tínhamos um trato, ou melhor, um pacto invisível. Coisa de quem se gosta muito e se quer bem.

Ele me enxergava por dentro e me permitia chorar quando estava triste. E eu retribuía fazendo minhas palhaçadas quando ele estivesse cabisbaixo. Porque ele não merecia ficar triste.

Uma vez eu disse a ele:
- Se o senhor não parar para viver eu vou ter que sentar ao seu lado e chorar.

E ele sempre acabava rindo.

Há pouco mais de oito meses, no meu primeiro dia morando sozinha, senti algo estranho no trabalho. Uma agonia e mal estar.

Só recebi a notícia no fim da tarde pela voz de minha chefe e pela leitura do plantão do jornal. Estava trabalhando na hora mas não me contive e chorei.

Ele era um pai maravilhoso. E não era só meu pai e dos meus irmãos. Era um pai maravilhoso com todas as crianças que brincavam juntas da gente em nossa infância, das crianças do orfanato. Boa parte das minhas lembranças boas de infäncia e adolescência, e da vida de “adulta” incluem esta figura, esse homem-meu pai-confidente incrível que ironicamente morreu sem falar comigo. Justo ele que era o dono do maior coração do mundo e quem mais me entendia.

Não pude ir a missa de sétimo dia, pois estava viajando a trabalho e naquele momento eu percebi o que significa de fato ficar adulta: ele não mais poderia me escutar e me fazer sorrir.

Então só o que me restou foi chorar dentro dum avião da ponte aérea.

Quando amar é um vício




Na Sua Estante - Pitty

Te vejo errando e isso não é pecado
Exceto quando faz outra pessoa sangrar
Te vejo sonhando e isso dá medo
Perdido num mundo que não dá pra entrar

Você está saindo da minha vida
E parece que vai demorar
Se não souber voltar ao menos mande notícia
Cê acha que eu sou louca
Mas tudo vai se encaixar
Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Você tá sempre indo e vindo, tudo bem
Dessa vez eu já vesti minha armadura
E mesmo que nada funcione
Eu estarei de pé, de queixo erguido
Depois você me vê vermelha e acha graça
Mas eu não ficaria bem na sua estante
Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Só por hoje não quero mais te ver
Só por hoje não vou tomar minha dose de você
Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se curam
E essa abstinência uma hora vai passar...

Elo mental...

Estou num taxi, paradoa num engarrafamento semana passada, quando olho pro lado e vejo uma mulher passando na calçada. Era aquele tipo boazuda, calça justa, cabelo pintado de louro... Eu, com essa minha mania de observar o comportamento das pessoas, começo a olhar pro carro de policia que estava parado ao lado do meu taxi. Dentro dele, dois policiais olhavam fixamente a ida daquela moça pelas ruas. Viravam o rosto para ver melhor e reviravam os olhos pra acompanhar o seu balanço. Fiquei atenta esperando pelo momento em que um olharia para o outro e faria algum comentário. Para minha surpresa eles não falaram nada. Nem uma palavra.

Comecei a rir dentro do taxi e o motorista perguntou:
- O que foi>

Ai eu disse:
- Vocês homens são engraçados, parecem unidos por um elo universal. Não importa a idade ou classe social, ao passar de uma bunda vocês se tornam iguais. O que me fez rir é que eles não falaram nada apenas olharam...

E ele respondeu:
- Mas também ne> Com uma bunda daquela não tem nem o que falar...

É, definitivamente, eles estão ligados.

E se...

Tenho falado muito de escolha ultimamente na minha roda de amigos. As pessoas sempre perdem tanto tempo pensando se escolhem esta ou aquela pessoa mas nunca se lembram de escolher por elas mesmas. Toda escolha implica em uma renúncia. Ao escolher uma pessoa e desistir da outra você corre o risco de sempre se arrepender. É fato. Não compare, separe. Não existe escolha certa. Uma vez feita a opção você sempre terá o risco de lá no futuro, num momento de crise, você se questionar: "Ah... e se eu tivesse escolhido fulano(a)"

sexo

Achei fofo!

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Entre a lucidez e a loucura

No ângulo noroeste do meu quarto, na diagonal da minha cama, há uma câmera de
vigilância da marca Panasonic. É negra e persistente como o arrependimento,
sigilosa e intrometida como uma sogra que suspeita de algo, tosca como uma
elefanta. (Hoje, queridos amigos, estou para metáforas). Esta câmera de vídeo
está plantada com três pés no marco da porta e serve, em tese, para que as
enfermeiras, ou os plantonistas, saibam sempre, a cada minuto, o que estou
fazendo quando não podem me ver com os próprios olhos.

O autor desse pequeno trecho é Xavi L., catalão, 32 anos, há 13 está internado num hospital psiquiátrico. Seu médico sugeriu que ele criasse um blog como parte da terapia. O resultado está publicado em Eu e meu garrote e hospedado no site do diário espanhol El país.
Por aqui, temos a arte do Bispo do Rosário a provar a genialidade dos que são considerados malucos. De minha parte, como acho que o limite entre a lucidez e a loucura é tênue demais, adorei o blog espanhol.

Diz muita coisa

"Eu apenas queria que você soubesse que aquela alegria ainda está comigo e que a minha ternura não ficou na estrada.Não ficou no tempo presa na poeira.

Eu apenas queria que você soubesse que esta menina hoje é uma mulher e que esta mulher é uma menina que colheu seu fruto flor do seu carinho.

Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta que hoje eu me gosto muito mais porque me entendo muito mais também. E que a atitude de recomeçar é todo dia toda hora. É se respeitar na sua força e fé. E se olhar bem fundo até o dedão do pé.

Eu apenas queira que você soubesse que essa criança brinca nesta roda e não teme o corte de novas feridas pois tem a saúde que aprendeu com a vida. Eu apenas queria que você soubesse que aquela alegria ainda está comigo e que a minha ternura não ficou na estrada. Não ficou no tempo presa na poeira.

Eu apenas queria que você soubesse que esta menina hoje é uma mulher e que esta mulher é uma menina que colheu seu fruto flor do seu carinho.

Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta que hoje eu me gosto muito mais porque me entendo muito mais também."


Pois é, ninguém lê letra de música em blog. Por isso, coloquei na forma de prosa essa letra linda, cantada belissimamente pelo Gonzaguinha. Não é um recado para ninguém. Também não diz respeito a uma situação específica. Ouvi-a no rádio dia desses e fiquei pensando como ela retrata meu atual momento e o trajeto percorrido nos últimos meses - os tombos, as rupturas, as decepções, as curas, a volta por cima, a sensação de estar cada vez mais forte, mais independente, mais eu mesma. É muito, muito bom saber que passei por tanta coisa e que, apesar das perdas, houve inúmeros ganhos no caminho, que de outro modo talvez nunca acontecessem.

Enfim... Que seja!

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

agri-doce

Vi no blog do Fernando Moreira, e postei aqui...

How come?

Meu reino pela carta de vinhos

A cena é clássica: uma mulher e um homem sentam-se para jantar num bom restaurante. O garçom espontaneamente traz a carta de vinhos e entrega a ele. No dia seguinte, se esta mesma mulher voltar ao restaurante com uma amiga, terá que pedir ao garçom que traga a carta. Voluntariamente, eles não acham que duas mulheres vão escolher um bom tinto.
A discriminação das mulheres no mundo dos vinhos sofisticados é tema de bem-humorado
artigo no qual o autor, Miguel Brascó, enumera um conjunto de preconceitos gastronômicos contra as mulheres. Segundo o senso comum, elas preferem:

os brancos de baixa qualidade aos bons tintos
os tintos fáceis aos encorpados
os rosés licorosos ao champanhe brut


Ou seja, tudo que há de pior nas boas casas do ramo. Ele propõe que as mulheres rejeitem toda publicidade voltada para o estímulo desse duvidoso gosto feminino, que elas façam valer suas opiniões na hora de escolher um vinho e que exijam a carta nos restaurantes que freqüentam.

Afinal, argumenta:

Até quando elas admitirão que, no restaurante, o sommelier entregue a carta de
vinhos somente ao homem e que só ele faça a prova? Basta de submissão. Quando o
sommelier fizer isso, a mulher deve armar um escândalo, chamar o maître, exigir
a presença do gerente, denunciar que está sendo objeto de odiosa discriminação,
classificar o comportamento como politicamente incorreto. A questão não é o
feminismo, mas legítima auto-estima.

Quem se habilita?

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Suplicy deixa Collor sem fala

O que disse o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) ao senador Fernando Collor (PTB-AL) no meio do plenário do Senado e sob os ouvidos atentos de outros senadores:
- Daqui para frente, iremos conviver como colegas aqui dentro. E de maneira cilizada apesar das nossas diferenças políticas. É por isso que quero lhe contar que fomos eu e o Zé Dirceu que passamos seis horas em um hotel conversando com seu irmão, Pedro. E que foi durante essa conversa que reunimos informações suficientes para garantir a abertura do processo que deu no empeachment do senhor. Agora, não. Passou-se muito tempo e o povo de Alagoas o absolveu concedendo-lhe o mandato de senador. Estou certo de que nos daremos bem.
Collor ouviu tudo calado - e perplexo.
E se dizia que Collor era maluco...

ser jornalista

"Creio que para exercer o jornalismo, antes de tudo, há de ser um bom homem
ou uma boa mulher: bons seres humanos. Más pessoas não podem ser bons
jornalistas. Se se é uma boa pessoa, se pode tentar compreender as demais, suas
intenções, sua fé, seus interesses, suas dificuldades, suas tragédias. E
converter-se, imediatamente, desde o primeiro momento, em parte de seu destino.
É uma qualidade que a psicologia denomina “empatia”. Mediante a empatia, se pode
compreender o caráter próprio do interlocutor e compartilhar de forma natural e
sincera o destino e os problemas dos demais. Nesse sentido, o único modo correto
de fazer nosso trabalho é desaparecer, esquecermos de nossa existência.
Existimos somente como indivíduos que existem para os demais, que compartilham
com eles seus problemas e tentam resolvê-los, ou ao menos descrevê-los. O
verdadeiro jornalismo é intencional, a saber: aquele que fixa um objetivo e
tenta provocar algum tipo de mudança. Não há outro jornalismo possível. Falo,
obviamente, do bom jornalismo."

Ryszard Kapuscinski